Preços tiveram alta de 18% em 2020, e se mantêm em crescimento desde o início do ano
O ano de 2020 foi atípico. Vários setores da economia brasileira sofreram com o avanço da pandemia do Covid19, que alterou a rotina e o hábito de consumo dos brasileiros. Um desses hábitos foi o consumo de carne bovina. De acordo com um relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no ano passado registrou-se o menor consumo de carne por habitante desde 1996, quando o levantamento foi iniciado. De 2019 para 2020, houve um recuo de 5%, caindo de 30,7 quilos para 29,3 quilos por pessoa.
Neste cenário, o preço das carnes de “segunda” foi o que mais subiu, com uma alta em média de 25%. Em parte, o aumento se deu por conta da crise econômica, mas outros fatores também influenciaram.
Alta no preço do boi gordo
Em 2020, a arroba do boi gordo fechou o ano cotada a R$267,15, valor 29% mais alto que o mesmo período de 2019. E já nos primeiros dias de 2021, o preço do boi gordo já registrou aumento de 7,7%.
De acordo com o último boletim informativo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), diferente de outras proteínas como a suína e de frango, o preço da carne continua firme em 2021. Esta sustentação vem da oferta restrita de boi gordo pronto para o abate, e também das exportações que continuam aquecidas. A carcaça do boi gordo (formada pelo traseiro, dianteiro e pela ponta da agulha) já registra valorização de 10% na parcial deste ano.
Falta de gado para abate
Outro fator que influencia diretamente no preço é a pouca oferta de gado pronto para abate. No último ciclo pecuário, de 2016 a 2018, foram abatidas muitas fêmeas no Brasil e com isso, o preço do bezerro aumentou e diminuiu a oferta de gado para abate.
Em 2019, com o preço dos animais de reposição (bezerro, boi magro e garrote) em alta, os produtores tiveram de reter as fêmeas nas fazendas para a produção de novos animais, diminuindo ainda mais a oferta de animais para o abate. E a tendência é que ao longo deste ano a retenção das fêmeas continue considerando que o preço do bezerro segue elevado.
Mercado de exportações aquecido
Outra questão que puxa os preços da carne para as alturas é a forte demanda da China, que já se tornou a principal interessada na carne brasileira. A participação da China nos embarques brasileiros de carne bovina ultrapassou os 40% em 2020, superando os 25,3% do ano de 2019.
O país asiático registrou aumento no consumo de frango e carne bovina nos últimos anos devido à escassez de carne suína na China, ocasionada pela gripe suína de 2018, que dizimou entre 40% e 60% de todo plantel de suínos do país.
Além disso, a China foi a única grande economia do mundo a registrar crescimento em 2020, o que resulta no aumento de renda da população e consequente mudança nos hábitos de consumo, o que eleva o consumo de proteínas mais caras, como a carne bovina.
Para 2021, o cenário ainda será de alta nos preços. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê que a melhora no consumo só deverá ocorrer com uma extensão do Auxílio Emergencial e com o avanço da vacinação contra a Covid-19, já que o preço do boi gordo ainda deve continuar em alta até que a demanda aumente no mercado, e o cenário de exportação deve continuar em crescimento.