Basta uma ida ao supermercado ou comparar os preços dos encartes para perceber: está cada vez mais caro comprar alimentos e manter hábitos de consumo como antes. Carnes, vegetais, legumes, frutas, laticínios, bebidas… Todos os produtos básicos estão mais caros para o bolso do povo brasileiro.
Essa evolução nos valores tem sido percebida desde abril de 2020, principalmente por conta de todas as consequências da pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo.
A alta nos preços de alimentos e bebidas subiu de 0,60% em julho deste ano para 1,39% em agosto, indicando a tendência de que os preços subam ainda mais até o final do ano.
Com alimentos básicos como arroz, carne, ovos e leite atingindo valores altíssimos e o desemprego afetando diversos setores econômicos, milhares de famílias brasileiras não conseguem mais comprar o que é necessário para suas refeições diárias.
Dessa forma, os cidadãos passam a depender de doações de ONGs e do governo para comerem, o que aumenta cada vez mais a insegurança alimentar brasileira.
Como o clima afeta os valores
Outro fator importante que influencia os preços são as alterações climáticas, principalmente por conta de suas consequências no agronegócio.
Somente em 2021, o Brasil e o mundo já sentiram diversas oscilações no clima que provocam complicações imediatas e a longo prazo para diversos setores da economia.
Em agosto, o Furacão Ida atingiu a costa dos Estados Unidos e deixou a região de Nova Orleans sem energia elétrica por mais de um dia, após os ventos de 240 km/h atingirem um importante porto petrolífero. Além disso, os territórios atingidos tiveram resultados catastróficos por causa dos ventos e das inundações provocadas pela forte chuva.
Por mais que esse fenômeno tenha ocorrido nos Estados Unidos e não no Brasil, as consequências serão sentidas em todos os locais que importam ou exportam produtos para o país.
Em julho, o Brasil enfrentou uma forte onda de frio polar que desestabilizou todo o clima tropical do país durante uma semana. Por conta dessa massa de ar polar, muitas regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste enfrentaram níveis de umidade baixíssimos, geada e neve que destruíram diversas plantações e que, consequentemente, afetam diretamente o valor dos alimentos e a disponibilidade dos mesmos.
Além de furacões, neve, geada e enchentes, o agronegócio também sofre com o aumento de queimadas e incêndios nas plantações por conta do clima extremamente seco em diversas regiões.
Outros fatores que afetam a precificação de produtos
Inflação: Essa é uma das taxas que mais afetam o bolso dos cidadãos, pois ela representa o aumento dos preços em bens e serviços. Com a inflação em alta, os valores de produtos e serviços são afetados.
Gasolina: Com o aumento de 2,80% no preço da gasolina, os valores das mercadorias também sofreram alterações. Pode parecer que o combustível não possui nenhuma ligação com os alimentos, porém os meios de transporte utilizados para levar os produtos de um lugar ao outro são veículos que utilizam gasolina. Por isso, o aumento do valor dela eleva o custo da comida.
Importações e exportações: O agronegócio, assim como outros setores da economia brasileira, vivem de importar e exportar, sejam maquinários, alimentos ou insumos. Com isso, se essas negociações estiverem em níveis muito altos ou baixos, isso irá refletir na precificação dos produtos no Brasil.
Cotação do dólar: Já não é novidade que o dólar afeta a economia de diversos países, provocando grande aumento nos valores quando a cotação da moeda está em níveis altos, como agora em que ela oscila em valores acima de R$5.
Oferta e procura: Esta é uma lei mundial do comércio e é bem simples, porém provoca grandes oscilações nos valores dos produtos. Quando determinada mercadoria está com alta procura, seu valor sobe. É o que ocorreu recentemente no Brasil com o aumento do preço dos ovos, após a grande procura por eles por conta do preço da carne ter subido 18% em 2020.
Preços dos insumos agrícolas: Para produzir, é preciso ter insumos. E com os insumos tendo aumento no preço, sejam eles nacionais ou importados, fica ainda mais caro produzir. Como consequência, os produtores precisam repassar esse custo para a venda de seus produtos, o que provoca o aumento no preço para os consumidores.